quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nada será como antes

Nada será como antes,
porque há uma vida pela frente,
com chuva, sol ou ventania
nossos passos serão diferentes.

Nada será como antes,
porque as escolhas do coração,
amanhã ou depois de amanhã
não serão em vão

Nada será como antes,
porque nossa vontade de ser e viver
é muito maior do que chorar, desistir
ou nosso medo de perder

E por isso tenho a certeza,
nas batalhas dessa vida afã,
no sorriso puro de criança
Sei que nada será como antes, amanhã.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Quarenta e seis. Sem dor, amor ou sorte.



Sábado, noite chuvosa,
cidade cinza nada amorosa.
Ao som da gaita do velho blues,
o sopro da morte falou-lhe sem luz.

Dissecou o caminho do fim,
na última nota do solo
beijou-lhe a face
diatônico jasmim.

No espanto da notícia,
desolado encanto.
No contraponto do neon,
o quase pranto.

O copo da cerveja escura
tragado pela metade,
saborosa dádiva abade
restou o viscoso gosto da amargura

Trilhou a vida,
em segundos reviveu as dores,
em choque não havida despedida,
recordou de todos seu amores.

Pensou nos filhos,
na beleza de seus sorrisos.
Lembrou dos pais, irmãos
e de vários amigos.

Quando percebeu, ela observava.
Cachos negros diamante.
Olhar amável cintilante.
Respostas a sua dor não entrava.

E quando menos esperava,
ela disse: - Escreve alguma coisa pra mim.
Espantado, retrucou: - Agora?
Ela sorriu e respondeu: - Sim.

Papel e caneta azul, calado escreveu:
"Há uma noite que termina em nós.
Há uma vida feito desejo algoz."
Mais um gole de cerveja e disse adeus

Na mente recobrou a morte
Ela disse quarenta e seis
Sem dor, amor ou sorte.
A despedida da vida, talvez.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Nove Cartas de Despedida

Um dia depois do trabalho
cansado
escreveu
nove cartas de despedida.

pais,
irmãos
e filhos.

amores verdadeiros,
amores passageiros
e amores incompletos.

amigos para a vida toda,
amigos de alguns momentos
e a si mesmo.

declarou a todos
seu amor incondicional.

tomou um gole d'água,
insipida,
incolor,
inodora,
o mesmo pela vida

apagou a luz...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O esforço das pequenas coisas

Quando você foi embora olhei para o céu
acreditando que estivesse cinza,
mas a primavera radiava esplendida.

Queria que a chuva lavasse meu rosto
e assim disfarçar minhas lagrimas,
mas era o sol que tocava minha face.

Ontem fiz seu jantar preferido
num preparo com adornos silenciosos,
mas a comida não tem mais o mesmo gosto.

Meu pai me olhou e disse: - Seja forte.
Meus irmãos cantaram músicas de paz e sorte.
Minha mãe tentou dizer,
mas me abraçou e comigo chorou.

Quando você foi embora olhei para o céu
acreditando que estivesse cinza,
mas o azul de outubro brilhava lá fora.

Ainda me arrependo por diversas vezes
de não ter ido naquele passeio,
mas no momento foi simples negar.

Ontem vi todas nossas fotos.
Seu sorriso, seu olhar contagiante,
mas você não esta mais conosco

Meu pai me olhou e disse: - Seja forte.
Meus irmãos cantaram músicas de paz e sorte.
Minha mãe tentou dizer,
mas me abraçou e comigo chorou.

As lembranças das nossas noites até o amanhecer
Os dias de tristezas, eu tento combater
O esforço das pequenas coisas não deixam eu te esquecer

Meu pai me olhou e disse: - Seja forte.
Meus irmãos cantaram músicas de paz e sorte.
Minha mãe tentou dizer,
mas me abraçou e comigo chorou.