quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dias são meses e uma tarde serão anos

Apaguei a linha, quase reta, no papel sem fim.
Rasguei todos os planos traçados.
Cortei a própria carne e deixei sangrar.
Pintei com sangue o meu reflexo no espelho.
Lavei meu corpo removendo suas marcas.
Acreditando, em soberba, que seria melhor assim.

Eu tenho tentado, sim eu tenho,
mas sei que é quase sempre sobre mim,
minhas decisões unilaterais e meu egoísmo barato.
Eu sei que eu preciso ter tudo (que eu sempre quis)
e depois, num sopro frio, perder tudo,
para saber o que é a verdadeira liberdade.

No silêncio do meu insípido quarto,
as vezes prisão em outros abrigo,
lembro com clareza o nosso olhar denunciador
no exato momento quando nos cruzamos,
nossa vida se reencontrou através da eternidade
e sua energia tocou minha alma.

Caminhando de volta para você,
coração apertado, o peso da vida nas mãos,
não tenho mais o tempo questionador me oprimindo.
O sol intenso que antes me castigava
agora me transforma em luz vital
no calor inflamável que aquece seu coração.

Eu quero te pintar em cores vibrantes,
vermelho amor em permanente estado,
para contrapor com minhas negras canções.
Sim elas são quase sempre tristes,
mas são as únicas que me fazem dormir
são as únicas que me trazem respostas.

Precisei de silêncio para enfim entender
que dias são meses e uma tarde serão anos.
Porque em nossa cumplicidade assertiva
existe um outro tempo, um outro mundo.
Segundos, minutos ou horas não fazem sentido,
somente desejo, amor, equilíbrio e paz.

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